Ansiedade em crianças e adolescentes

Sucesso pessoal e profissional; pressão dos amigos; da família, do cônjuge; desigualdade social, de gênero; questões relacionadas à identidade e privação por desejo de autonomia. São muitos os fatores que podem deixar um adulto ansioso, no entanto será que essa é uma condição exclusiva dos mais velhos?

Imagine a cena: dia de prova, teste importante. Você estudou, mas será que foi o suficiente? Coração acelerado. Era muita coisa para ver, e se você concentrou os seus estudos no conteúdo que não vai cair na prova? Dor de barriga. Você senta na carteira, separa o material e espera pela prova. Mãos suando. O que será que a sua família vai dizer se você tirar uma nota ruim? Vai ser possível recuperar esses pontos? Respiração ofegante. Você está tão preocupado que não escutou a chamada, a professora precisou chamar a sua atenção. Rosto vermelho, quente. O que esse cenário te desperta?

Os motivos pelos quais os mais jovens podem ficar ansiosos são igualmente numerosos. Desse modo, é fundamental que a rede de apoio esteja preparada para lidar com a ansiedade em crianças e adolescentes.

Ansiedade em crianças e adolescentes: o que é e como ela se manifesta?

A ansiedade é um sentimento natural da espécie humana, ela funciona como um mecanismo de defesa que nos prepara para situações de perigo. Dessa forma, todos estão suscetíveis a experimentá-la em determinado momento. Principalmente em situações importantes, que exigem preparação ou despertam preocupação.

Contudo, as situações que nos afligem mudam conforme cada pessoa e fase da vida. Na infância, por exemplo, os medos do escuro e da separação são muito comuns, eles fazem parte do desenvolvimento da criança. Entretanto, esses medos podem crescer até afetar a funcionalidade.

Por isso, a família precisa estar atenta à intensidade e a duração desses sintomas. Quando a preocupação excessiva de que algo negativo vai acontecer vira rotina e interfere na forma que se faz as coisas, é sinal de que a ansiedade evoluiu para um transtorno.

Como a família pode ajudar?

À medida em que prestamos atenção naqueles dois fatores de risco e identificamos os sinais de alerta, a procura por tratamento é uma ação lógica. Mas ajudar uma criança ou adolescente ansioso começa muito antes. Afinal, será que você está prestando atenção nos sinais? Ou melhor será que você está validando-os?

Os jovens precisam, acima de tudo, de um lugar seguro. Muitas vezes eles sentem receio de incomodar ou ficam com medo da reação da família. Dessa maneira, é preciso deixar claro que eles podem procurar a rede de apoio quando estiverem passando por um desconforto.

Uma das maneiras de garantir que isso aconteça é praticar uma escuta ativa. Pare um segundo para pensar: quando foi a última vez que você parou para escutá-los? Escutar de verdade, com a intenção de compreender e validar sentimentos?

O debate acerca da saúde mental, sobretudo na infância e adolescência, é recente – nós já fizemos um texto falando da sua importância. Dessa forma, alguns responsáveis podem encontrar dificuldade em entender a gravidade de sentimentos como a ansiedade. Todavia as crianças e adolescentes precisam de acolhimento para lidar com ela. Ao sentirem que aquela sensação é válida, e representa de fato uma dificuldade, elas vão se sentir encorajadas a passar por ela.

Sendo assim, encarar a ansiedade dos jovens como “bobeira” ou “corpo mole” pode contribuir para que essas angústias naturais evoluam para um quadro clínico. Quando for difícil compreender o medo do escuro, da separação, da prova, da apresentação para turma, da hora do recreio, de ficar sem amigos, se pergunte: quantas vezes disseram não para o que eu sentia para que eu acreditasse que esses sentimentos não são importantes?

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